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Conferência ‘Portugal Inteiro’ mostrou o interior como espaço do futuro

A digitalização da economia e a evidência de que a qualidade de vida no interior é imensamente maior que no litoral podem ser os dois factores que faltavam para ‘salvar’ o interior. Esta é uma das conclusões do ciclo de conferências ‘Portugal Inteiro’, resultado da parceria entre a Altice e o Jornal Económico.
  • Cristina Bernardo
26 Junho 2019, 07h40

As caraterísticas intrínsecas ao interior quando acrescentadas de autoestradas digitais serão com certeza capazes de transformar as geografias mais afastadas do mar como o sítio certo para a fixação de população e para a criação de empresas. Esta é uma das conclusões do ciclo de conferências ‘Portugal Inteiro’, da responsabilidade da parceria entre a Altice e o Jornal Económico, cujo tema mais específico foi ‘Inovação: o interior como oportunidade’ e esta terça-feira ‘aterrou’ em Vila Real de Trás-os Montes.

A ligação entre as empresas e a academia é, neste quadro, um imperativo que importa isolar – e o facto de a região de Vila Real poder contar com este factor acaba por transferir para aquela geografia uma outra ‘razão de ser’ que importa dar a conhecer.

Essa foi uma das notas mais importantes deixadas pela maioria dos participantes, nomeadamente de Silva Peneda, antigo ministro, que é presidente do Conselho Geral da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, que foi também o ‘keynote speaker’ da conferência.

No caso de Vila Real, recordou por seu lado o presidente da câmara local, Rui Santos, e uma vez que o talento já ali se encontra, foi preciso associar a presença da infraestruturas. Que também já lá estão: a cidade de Vila Real fica a menos de uma hora )se não houver trânsito) do Aeroporto de Sá Carneiro. E este factor é talvez do desconhecimento de um número não negligenciável de empresários e empreendedores. Quando isso mudar, disseram vários dos participantes na conferência, o interior aproximar-se-á, com mais qualidade, do litoral.

Neste quadro, a aposta na inovação é de alguma forma o outro lado da equação: a dotação regional de talento e de empresas que o saibam usar, é uma das formas mais importantes de fixação de populações. Vários dos participantes recordaram que os milagres são difíceis de suceder: Lisboa e Porto são mais atrativos que Vila Real para chamar talentos. Como se resolve o problema? Simples: atraem-se alunos (e não talentos) e transformam-se em talento. A qualidade da geografia fará o resto.

Ao longo da conferência, ficou também claro que outras abordagens mais tradicionais também não são despiciendas. E, neste quadro, pontifica a questão da discriminação positiva do interior – que continua a ser um dos instrumentos mais interessantes para a fixação de empresas no interior.

Mas, para isso – como para qualquer outra solução – é importante ouvir que está no terreno no interior. Ou então, alternativamente e em vez de se ouvir quem está lá, o melhor é passar para as mãos de quem lá está a capacidade de decidir em seu próprio benefício. Ou seja, e tal como foi repetidamente dito ao longo dos trabalhos da conferência, Portugal continua em larga medida a ser um país adiado enquanto a descentralização continuar a ser apenas uma coisa de que se fala.

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