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Rangel diz que Governo tem adotado diplomacia europeia que não beneficia interesses nacionais

O eurodeputado social-democrata Paulo Rangel disse que Portugal deveria adotar “uma diplomacia de geometria variável”, especialmente após o Brexit, pois, sem o Reino Unido, os interesses atlânticos vão perder voz no Parlamento Europeu.
7 Setembro 2019, 20h49

O eurodeputado Paulo Rangel defendeu esta sexta-feira que o Governo de António Costa tem falhado em encontrar uma política de diplomacia europeia que valorize os interesses de Portugal na União Europeia (UE). Paulo Rangel disse que Portugal deveria adotar “uma diplomacia de geometria variável”, especialmente após o Brexit, pois, sem o Reino Unido, os interesses atlânticos vão perder voz no Parlamento Europeu.

“Neste momento, corremos o risco de fragilização da UE e, por isso, temos de estar hiperativos na UE e ter uma diplomacia de geometria variável”, afirmou Paulo Rangel, num almoço-debate promovido pelo International Club of Portugal (ICPT), com o tema “A Europa e os novos equilíbrios globais”, onde marcaram presença vários notáveis do PSD como Nuno Morais Sarmento, Luís Marques Mendes, Luís Mira Amaral e Miguel Pinto Luz.

Paulo Rangel afirmou que o Governo de António Costa tem procurado reunir-se sobretudo com o clube Med, também conhecido como os Sete do Sul e que consiste num grupo informal de sete países mediterrânicos (França, Itália, Espanha, Portugal, Grécia, Chipre e Malta), “julgando que Portugal é um país mediterrânico, mas não é”.

“Os portugueses até gostam de dizer que são mediterrânicos mas não são. Lisboa está no mesmo alinhamento que Nova Iorque e se Nova Iorque não é uma cidade do Sul, Lisboa também não é”, sustentou.

O eurodeputado do PSD diz que o Governo de António Costa deveria ter procurado ir mais longe e manter relações com outros grupos de influência europeia, como o clube da coesão, a fim de abrir portas para o Leste, “com o qual não temos nenhuma cultura de relação”, e o clube dos países médios, tendo em conta que “o peso institucional de cada país em votos e representação faz-se pela sua dimensão democrática”.

Há ainda um outro aspeto que Paulo Rangel diz que o Governo não precaveu: a salvaguarda dos interesses portugueses, após a saída do Brexit. O eurodeputado lembrou que o Reino Unido é o país que, dentro da UE, mais tem assegurado os interesses atlânticos e, após a saída dos britânicos da UE, os países banhados pelo Atlântico vão “ficar órfãos” em termos políticos.

“Vão precisar de ter uma voz comum. Devíamos ter investido muito aqui. Curiosamente, a Dinamarca, Holanda e Irlanda fizeram cimeiras regulares de primeiros-ministros para preparar o Brexit. Mas nós não fomos capazes de fazer um clube com a Suécia, a Dinamarca, Holanda, Irlanda e eventualmente a Bélgica (que muitas vezes está no eixo franco-alemão) para defender uma posição própria contra o Brexit”, indicou.

Paulo Rangel sublinhou que “o interesse destes países quanto ao Brexit é diferente do interesse dos países centrais” e assinalou que Portugal devia “ter uma posição própria e, por ventura, uma posição mais amiga do Reino Unido do que aquela que até agora tem aparecido na UE”.

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