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Termómetros vão bater os 40 graus. Estudo relaciona temperatura ao tamanho do corpo humano

Os resultados de uma análise académica, publicados na revista “Nature Communications”, confirmam também que o tamanho do cérebro mudou drasticamente, embora não tenha evoluído ao mesmo ritmo que o tamanho do corpo humano. A explicação está no ambiente.
8 Julho 2021, 15h09

Os termómetros vão subir a partir de amanhã, atingindo os 40º no Alentejo no sábado. Segundo um artigo científico divulgado esta quinta-feira,  o tamanho médio do corpo humano tem vindo a modificar-se significativamente nos últimos milhões de anos e está fortemente relacionado à temperatura.

O estudo foi elaborado pelas universidades de Cambridge (Reino Unido) e Tübingen (Alemanha) que observa que climas frios impulsionaram a evolução de corpos maiores e os mais quentes, menores.

Os resultados do estudo foram publicados na revista “Nature Communications”, num artigo que também confirma que o tamanho do cérebro mudou drasticamente, embora não tenha evoluído ao mesmo ritmo que o tamanho do corpo. Para chegar a estas conclusões, a equipa interdisciplinar de investigadores de ambas as universidades, recolheu medidas do tamanho do corpo e do cérebro de mais de 300 fósseis do género Homo encontrados por todo o mundo.

Ao combinarem os dados com uma reconstrução dos climas regionais do mundo nos últimos milhões de anos, os investigadores identificaram o clima específico que cada fóssil experienciou quando era um ser humano, explica a universidade inglesa de Cambridge. O estudo revela que o tamanho médio do corpo dos humanos tem flutuado nos últimos milhões de anos, com corpos maiores em regiões mais fria. Os investigadores acreditam que um corpo maior seja mais resistente a temperaturas mais frias.

Um traço que define a evolução de género é a de aumentar o tamanho do corpo e do cérebro. Em comparação com espécies anteriores, como o Homo habilis, somos 50% mais pesados ​​e os nossos cérebros são três vezes maiores. No entanto, as causas para essas mudanças permanecem altamente debatidas por investigadores de todo o mundo.

“O nosso estudo indica que o clima – especialmente a temperatura – é o principal impulsionador das mudanças no tamanho do corpo nos últimos milhões de anos”, resume a professora Andrea Manica, investigadora do Departamento de Zoologia da Universidade de Cambridge, que liderou o estudo. Segundo a cientista, “podemos ver nas pessoas de hoje que as que vivem em climas mais quentes tendem a ser menores, e as que vivem em climas mais frios tendem a ser maiores”.

Os investigadores também analisaram o efeito de factores ambientais no tamanho do cérebro do género Homo, mas as correlações eram geralmente “fracas”, afirmam. O tamanho do cérebro tendia a ser maior quando o Homo vivia em habitats com menos vegetação, como estepes abertas e pastagens, mas também em áreas mais estáveis ​​ecologicamente. Combinados com dados arqueológicos, os resultados sugerem que os habitantes desses habitats caçavam animais maiores para se alimentar, uma tarefa complexa que poderia ter impulsionado a evolução de cérebros maiores.

“O ambiente influencia o tamanho do nosso corpo muito mais do que o do nosso cérebro”, diz Manuel Will, da Universidade de Tübingen. Assim, o estudo sugere que os fatores não ambientais eram mais importantes do que o clima na condução de cérebros maiores, incluindo os desafios cognitivos adicionais de uma vida social cada vez mais complexa, dietas mais diversificadas e tecnologia mais sofisticada.

Os autores afirmam que há “fortes evidências” de que o tamanho do corpo e do cérebro humanos continua a evoluir. O físico humano continua a adaptar-se a diferentes temperaturas e, em média, pessoas que vivem em climas frios têm corpos maiores. Por outro lado, o tamanho do cérebro da espécie humana parece ter diminuído desde o início do Holoceno (cerca de 11.650 anos atrás).

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