[weglot_switcher]

Trabalhadores da RTP acusam Governo de andar em “roda viva para fazer omeletes sem ovos”

“Agora, o Governo quis dar-se ares de ter encontrado um passe de magia para conseguir essa quadratura do círculo. Segundo a proposta já entregue no OE 2022, não aumenta a CAV mas duplica a taxa paga pelos operadores de serviços de televisão”, lê-se na publicação dos trabalhadores. 
20 Outubro 2021, 11h44

A Comissão de Trabalhadores da RTP aponta que o secretário de Estado Nuno Artur Silva, responsável pela pasta do Cinema, Audiovisual e Media, de andar “numa roda viva para fazer omeletes sem ovos”. Em causa está o facto do secretário de Estado querer manter a alargar as missões do serviço público sem aumentar a taxa audiovisual (CAV).

De acordo com a Comissão de Trabalhadores do canal público, “para não enfrentar a impopularidade do aumento da CAV, promete fazer uma coisa sem garantir a outra”. Atualmente, a contribuição audiovisual está fixada em 2,85 euros mais IVA, sendo paga por todos os contribuintes na fatura da eletricidade.

“Agora, o Governo quis dar-se ares de ter encontrado um passe de magia para conseguir essa quadratura do círculo. Segundo a proposta já entregue no OE 2022, não aumenta a CAV mas duplica a taxa paga pelos operadores de serviços de televisão”, lê-se na publicação dos trabalhadores.

“Claro que estes (MEO, NOS, Nowo e Vodafone) não perderam tempo e logo avisaram toda a navegação de que irão repercutir o agravamento nos preços ao consumidor. Além da impopularidade da CAV, o Governo irá assim atrair sobre a sua proposta o desdém que sempre suscita qualquer tosca chico-espertice”, critica.

Esta taxa anual paga pelos operadores de serviço de televisão paga vai passar dos dois para os quatro euros por cada subscritor. O objetivo da proposta que consta no documento do Orçamento do Estado para 2022 é que metade do valor seja entregue à RTP e a outra metade ao Instituto do Cinema e Audiovisual (ICA).

Anualmente, o CAV entrega mais de 190 milhões de euros à RTP. O aumento da taxa inscrita no OE permitirá que a RTP receba mais 8,6 milhões de euros, de acordo com contas realizadas pelo “Correio da Manhã”.

Precariedade de trabalhadores significa instabilidade para RTP

Os trabalhadores da estação pública voltam também a denunciar a situação de precariedade vivida nos corredores da RTP.

“Quem mantém centenas de trabalhadores em situação precária pensará talvez que pouco importa estragar a vida às pessoas, porque em contrapartida está a poupar dinheiro à RTP. Quem mantém centenas de trabalhadores da RTP com salários congelados e com carreiras estagnadas pensará também que está a cometer atos da melhor e mais sagaz gestão”, lê-se na missiva.

Abordando o tema precariedade, a Comissão de Trabalhadores refere o caso das jornalistas Estela Machado e Ana Guedes.

“Já aqui falámos da nossa colega Estela Machado, que depois de permanecer anos a fio com a carreira estagnada deu outro rumo à sua vida e deixou a RTP”. A jornalista foi contratada no início do ano para integrar a equipa do Porto Canal.

“Falámos também da sua quase imediata substituição pela jornalista Ana Guedes”. “Assim se quis dar o problema por resolvido, sem notar que, entrando como precária e permanecendo como precária, também a nova colega não tardia em procurar alternativas. Na fila, havia ainda numerosos precários à frente dela e, com a fila parada, era inevitável que também ela se fartasse de esperar”, adianta o relatório. Ana Guedes passou a fazer parte da equipa da CNN Portugal, canal que pertence à Media Capital, em substituição da TVI24.

“Manter quem trabalha na corda bamba da precariedade significa arrastar a RTP para a corda bamba da instabilidade”, lança a Comissão de Trabalhadores.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.