Sob aplausos de algumas dezenas de militantes num comício num ginásio de boxe em Hainault, no leste de Londres, Farage argumentou que em algumas áreas tradicionalmente dominadas pelo ‘Labour, o seu partido é o único que tem hipóteses de vencer.
“Quem está a arriscar polarizar o voto é o Partido Conservador, não é o Partido do Brexit. Deveria renunciar nesse locais”, vincou, alegando a necessidade de o partido seguir representação parlamentar para “lembrar Boris das suas promessas” de concretizar o ‘Brexit’.
Em declarações à agência Lusa, Tom Bewick, candidato no círculo de Dagenham e Rainham, concorda: “O Partido Conservador deveria reconhecer que em alguns destes sítios nunca ganhou. Concorrer ao mesmo tempo que o Partido do Brexit pode deixar passar o partido Trabalhista pelo meio”.
Este antigo vereador do partido Trabalhista tem esperança em conseguir superar o candidato do ‘Labour’, Jon Cruddas, um opositor do ‘Brexit’ apesar de 62% dos eleitores em Dagenham terem votado a favor da saída do Reino Unido da União Europeia (UE) no referendo de 2016.
Cruddas é deputado desde 2001 graças ao apelo junto da classe operária, alinhando com a ala esquerda do partido e contrariando a liderança em questões como as propinas universitárias, apesar de resultados disputados de perto com os conservadores, UKIP e o British National Party, de extrema-direita, que entretanto desapareceu do mapa político britânico.
Depois de ter decidido recuar e retirar 317 candidatos para favorecer o Partido Conservador, Farage está sob pressão para desistir em mais dezenas de círculos eleitorais e ajudar Boris Johnson a conseguir uma maioria absoluta.
O prazo para formalizar as candidaturas acaba na quinta-feira e o empresário Arron Banks incitou o companheiro de longa data a “salvar o ‘Brexit'”.
Mas o eurodeputado garantiu que não se vai deixar “intimidar” e, numa referência a notícias de que teria recusado a oferta de um título de lorde, afirmou: “Não estou à venda, tenho princípios”.
Esta atitude desafiadora de Farage faz a audiência aplaudir e gritar com palavras de apoio, agitando bandeiras e levantando cartazes onde se lê “Mudar a Política para Melhor”, distribuídos por ativistas antes do início do comício.
Entre as várias dezenas de pessoas que se deslocaram a meio da tarde ao edifício situado numa zona industrial de Hainault estava Heather, reformada de 59 anos, uma estreante em eventos do Partido do Brexit.
“Sinto-me desiludida com os últimos três anos. Isto já devia ter sido resolvido”, disse à Lusa esta residente de Chingford, cujo deputado é o conservador e eurocético Iain Duncan Smith, mas em quem Heather recusa votar devido ao seu legado como ministro do Trabalho (2010-2016).
“Ele destruiu o sistema de subsídios sociais e atacou as pessoas mais vulneráveis”, criticou, lamentando que o Partido do Brexit se tenha retirado na sua zona.
Ao lado, John, também reformado de 73 anos, é um membro do partido eurocético UKIP há mais de 20 anos e um veterano das campanhas contra a UE e está determinado em que a deputada trabalhista Margaret Hodge seja derrotada em Barking.
Porém, também não está disposto a trocar o Partido do Brexit pelo Partido Conservador, uma desconfiança partilhada por Kyle, de 18 anos.
Este residente de Romford, onde 69% dos eleitores votaram pela saída da UE em 2016, uma das percentagens mais elevadas do país, defende que Boris deveria ter retribuído o gesto de Farage e retirado candidatos em algumas áreas mais eurocéticas.
“Nunca votarei no partido Conservador. Eles quebraram muitas promessas”, acusou.
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