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Jornal estatal de Angola explica exonerações da família dos Santos

O novo diretor do jornal estatal de Angola, Victor Silva, acredita que as exonerações podem estar relacionada com o facto de os visados serem “pessoas politicamente expostas” e que estão sob o “radar do mundo financeiro mundial”, que estavam a dificultar a obtenção de investimento estrangeiro.
  • Herculano Coroado Bumba/Reuters
19 Novembro 2017, 15h49

O novo diretor do Jornal de Angola, Victor Silva, afirma no seu primeiro editorial assinado no diário estatal que não acredita que as exonerações da família dos Santos tenham sido motivadas por um conflito político entre o presidente angolano, João Lourenço, e ex-líder José Eduardo dos Santos. Victor Silva acredita que as exonerações podem estar relacionada com o facto de os visados serem “pessoas politicamente expostas”, que estavam a dificultar a obtenção de investimento estrangeiro.

“O facto de algumas mudanças terem atingido figuras consideradas ‘intocáveis’ fez nascer uma onda de ruído de que o atual presidente da República estaria empenhado numa ‘caça às bruxas’ a pessoas próximas ao ex-presidente e líder do MPLA [José Eduardo dos Santos]”, escreve Victor Silva no seu artigo com o nome “Um falso problema”.

O jornalista dá conta de que parte do país anda “atónita com o ritmo que o novo ciclo político vem imprimindo visando a normalização da vida de todos nós”, a começar pelo “controlo das principais fontes de receitas do Estado”. No entanto, Victor Silva sublinha que “o novo ciclo político não tem feito mais do que foi prometido durante a campanha eleitoral”, sobretudo “na moralização da sociedade através do combate à corrupção, do fim da impunidade e da abertura de oportunidades iguais para todos”.

Victor Silva, nomeado por João Lourenço para o cargo de diretor do jornal estatal, garante não estar surpreendido com “as mudanças operadas nas principais empresas públicas, às quais se devem somar às feitas no setor financeiro”. “A que se seguirão, não se tenha dúvidas, outras mais”, acrescenta.

A Sonangol tornou-se o principal exemplo na governação de João Lourenço, com a exoneração da filha do anterior chefe de Estado, Isabel dos Santos. “Se calhar, ou talvez por isso mesmo, a petrolífera nacional não conseguia os financiamentos externos necessários ao seu desenvolvimento por saber-se que no combate ao branqueamento de capitais há pessoas politicamente expostas, as chamadas PEP, que estão sob o radar do mundo financeiro mundial”, justifica Victor Silva.

“Tratou-se, portanto, de uma medida de gestão, pura e dura, que algumas forças, apanhadas sem argumentação, procuram agora atirar para um alegado conflito político entre o Presidente da República e o líder do MPLA, fomentando um forçado braço de ferro e pseudo divisões no partido no poder”, conclui Victor Silva.

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