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António Ramalho: “Vamos ter lucros este ano desde o primeiro trimestre”

“Iniciamos em 2021 um período de resultados positivos”, referiu o CEO do Novo Banco. As perdas adicionais com a operação em Espanha, por causa do baixo valor das ofertas, levaram a uma divergência de 166 milhões de euros entre o banco e o Fundo de Resolução.
  • Cristina Bernardo
26 Março 2021, 17h45

O CEO do Novo Banco (NB) anunciou na conferência de imprensa de apresentação dos resultados desta sexta-feira à tarde que, com a chamada de capital de 598,3 milhões de euros, “encerra no essencial o plano de reestruturação iniciado em 2017”.

“Iniciamos em 2021 um período de resultados positivos, logo desde o primeiro trimestre”, disse o banqueiro.

Ao todo o Novo Banco usou 3,57 mil milhões de euros do mecanismo de capitalização contingente, que tinha um limite inicial de 3,89 mil milhões de euros. Com isto encerrou o plano de reestruturação do banco iniciado em 2017, quando foi vendido ao Lone Star.

Os ativos legacy, que estão sob o CCA (mecanismo de capital contingente e ativos non-core) caíram 79% desde 2017 para de 14.737 milhões para 3.082 milhões de euros.

A chamada de capital tem no entanto um diferendo por resolver. O Fundo de Resolução (FdR) diz que “relativamente a determinadas matérias, se encontra ainda em análise se os respetivos impactos nas contas do Novo Banco estão abrangidos, nos termos do contrato, pelo mecanismo de capitalização contingente. As matérias em análise representam um montante que excede os 160 milhões de euros”, diz o comunicado da instituição liderada por Luís Máximo dos Santos.

António Ramalho revelou que essa divergência não foi contabilizada no rácio de capital CET 1 por prudência.

Tendo em conta este diferendo, o Novo Banco, por “prudência”, decidiu não reconhecer o impacto destes 166 milhões nos seus rácios. Com a sua inclusão, fica nos 12%; sem este valor, o principal rácio de capital CET1 fecha 2020 nos 11,3%.

O NB tem o seu rácio de Common Equity Tier 1 (CET1) protegido em níveis predeterminados até aos montantes das perdas já verificadas nos ativos protegidos pelo Mecanismo de Capitalização Contingente. Em 31 de dezembro de 2020, o rácio CET 1 foi de 11,3% e o rácio de solvabilidade total situava-se em 13,3%, valores esses que representam uma redução face aos apurados no final do exercício de 2019 devido à alteração do nível de proteção do mecanismo.

António Ramalho explicou que os 166 milhões da divergência com o FdR já estão incluídos no valor da chamada de capital apurado.

A divergência diz respeito ao valor de uma operação em descontinuação do negócio em Espanha (reconhecimento de perdas). Isto porque foi preciso reforçar as perdas já registadas até setembro porque a sucursal em Espanha está em processo de venda e a melhor oferta é de 166 milhões de euros.

A sucursal em Espanha não está protegida pelo Mecanismo de Capital Contingente (CCA), mas, e tal como está definido no Acordo de Capitalização, o montante dos pagamentos a realizar pelo FdR corresponde ao menor de dois montantes: perdas líquidas acumuladas nos ativos cobertos pelo CCA, e o montante necessário para repor o rácio de capital do NB no nível acordado (CET 1 de 12%). Pelo que os prejuízos do banco podem aumentar a chamada de capital.

O resultado recorrente ajustado antes de impostos do Novo Banco em 2020 totalizou 189,0 milhões de euros, impulsionado pelo aumento do produto bancário comercial para 787,8 milhões (+1,7% num ano) e menores custos operacionais (418,6 milhões, ou seja menos 0,6% face a 2019).

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