[weglot_switcher]

Inquérito sobre o mercado do crédito: Spreads não deverão aumentar até junho

Para o primeiro trimestre de 2018, a maioria das instituições inquiridas não antecipa alterações nos respectivos critérios de aprovação de crédito concedido a empresas e a particulares. Também não se antecipam alterações significativas nos spreads a aplicar no crédito a empresas e a particulares.
23 Janeiro 2018, 16h02

No quarto trimestre de 2017, os critérios de concessão de crédito a empresas e a particulares mantiveram-se, em termos globais, estáveis face aos aplicados no trimestre anterior, conclui o Banco de Portugal no seu inquérito aos bancos sobre o mercado de crédito, concluído neste mês de janeiro.

De acordo com os resultados do inquérito de janeiro de 2018 aos cinco bancos incluídos na amostra portuguesa, previsivelmente CGD, BCP, Novo Banco, BPI e Santander Totta, os critérios de concessão de crédito a empresas e a particulares  permaneceram, em termos globais, estáveis nos últimos três meses de 2017, por comparação  com o trimestre anterior.

Ainda assim uma instituição indicou a adoção de critérios  ligeiramente menos restritivos, designadamente na concessão de crédito a pequenas e médias empresas (PME) e em empréstimos de curto prazo. Para este banco, as pressões exercidas  pela concorrência e a avaliação mais favorável dos riscos associados à situação e perspetivas  económicas gerais e no mercado da habitação contribuíram ligeiramente para tornar os  critérios menos restritivos.

Já no que se refere à procura de crédito, a maioria das instituições participantes não assinalou alterações de relevo na procura de crédito por parte das empresas no quarto trimestre de 2017.

Mas ainda assim dois bancos reportaram um ligeiro aumento da procura, em particular no segmento das PME e em empréstimos de longo prazo. Para esta evolução, ambas as instituições apontaram como fatores o aumento das necessidades de financiamento do investimento e das  necessidades de financiamento de existências e de fundo de maneio.

No crédito a particulares a procura subiu

No segmento dos  particulares, as instituições reportaram um ligeiro aumento da procura de crédito no último trimestre do ano, para aquisição de habitação ou para consumo e outros fins. Entre os fatores que contribuíram para o aumento da procura, os bancos destacaram a melhoria da confiança  os consumidores.

No segmento do crédito à habitação, o nível geral das taxas de juro mereceu igualmente destaque no estudo do Banco de Portugal. Para o primeiro trimestre de 2018, a generalidade dos bancos inquiridos não antecipa alterações nos respetivos critérios de aprovação de crédito concedido a empresas e a particulares.

Para o mesmo período, a maioria dos bancos também não antecipa alterações significativas na procura de empréstimos por parte das empresas, enquanto, no caso dos particulares, quatro instituições participantes antecipam um ligeiro aumento da procura de empréstimos em ambos os segmentos de crédito.

O índice de difusão (calculado com base num inquérito aos cinco principais bancos portugueses) traduz a restritividade do mercado de crédito português: para valores acima de zero significa um aumento da restritividade das concessões de crédito por parte dos bancos, para valores abaixo de zero significa uma diminuição.

Para o primeiro trimestre de 2018, a maioria das instituições inquiridas não antecipa alterações nos respectivos critérios de aprovação de crédito concedido a empresas e a particulares.

No entanto, embora para o primeiro trimestre de 2018, a maioria dos bancos não antecipe alterações significativas na procura de empréstimos por parte das empresas, no caso dos particulares, quatro bancos antecipam, para o mesmo período, um ligeiro aumento da procura de empréstimos em ambos os segmentos de crédito.

Outras questões

O inquérito avaliou ainda o impacto da situação nos mercados financeiros sobre o acesso dos bancos a financiamento e sobre a sua capacidade de transferir risco de crédito para fora do balanço. No quarto trimestre de 2017, as instituições participantes no inquérito, de um modo geral, caracterizaram as condições de financiamento nos mercados como estáveis. Mas duas instituições indicaram uma melhoria na sua capacidade de financiamento por via de depósitos de curto e de longo prazo e de outros instrumentos de financiamento a retalho, tendo uma das instituições assinalado uma melhoria considerável, enquanto a outra instituição indicou apenas uma ligeira melhoria.

Relativamente a outros tipos de financiamento e à capacidade de transferência do risco de crédito para fora do balanço, duas instituições assinalaram uma ligeira melhoria das condições de financiamento através de títulos de dívida de médio a longo prazo, sendo que uma das instituições indicou também uma ligeira melhoria na capacidade de transferência do risco de crédito para fora do balanço.

Primeiro trimestre de 2018

Para o primeiro trimestre de 2018, os bancos antecipam, de um modo geral, impactos semelhantes aos reportados para o último trimestre de 2017. No entanto a maioria das instituições prevê uma ligeira melhoria da sua capacidade de financiamento no mercado de títulos de dívida de médio a longo prazo. Adicionalmente, uma instituição reportou uma expetativa de melhoria da sua capacidade de titularização de empréstimos a empresas e a particulares para aquisição de habitação. No sentido oposto, uma instituição indicou uma expetativa de ligeira deterioração na sua capacidade de financiamento através da captação de depósitos de longo prazo e de outros instrumentos de financiamento a retalho.

Já no que toca ao impacto dos novos requisitos relativos a fundos próprios, alavancagem, liquidez ou constituição de provisões, decorrentes de medidas regulamentares ou prudenciais recentemente aprovadas ou que se espera virem a ser aprovadas num futuro próximo, em particular sobre as políticas de crédito dos bancos, no que respeita ao segundo semestre de 2017, a maioria das instituições participantes não indicou alterações significativas sobre os ativos, fundos próprios e condições de financiamento, embora algumas instituições tenham reportado impactos negativos ou positivos em determinadas rubricas.

Há uma das cinco instituições financeiras que indicou que, nos últimos seis meses, os novos requisitos contribuíram para uma redução considerável do total de ativos e dos ativos ponderados pelo risco, em particular dos empréstimos de maior risco. A mesma instituição reportou ainda um decréscimo considerável dos fundos próprios, no que se refere a lucros não distribuídos. Em contrapartida, o banco assinalou que os novos requisitos tiveram um impacto positivo sobre a emissão de capital. Em sentido oposto, uma instituição reportou que os novos requisitos contribuíram para o aumento considerável dos ativos ponderados pelo risco.

Para o primeiro semestre de 2018, as expectativas reportadas pelos bancos estão, de um modo geral, em linha com o passado recente, sendo mais atenuadas no que respeita aos impactos reportados para os seis meses anteriores.

Impacto das novas medidas regulamentares

No que respeita ao impacto das novas medidas regulamentares ou prudenciais sobre os critérios de aprovação de empréstimos, os bancos inquiridos indicaram que, nos últimos seis meses, não sofreram alterações significativas, tendo permanecido praticamente inalterados.

Para os próximos seis meses, um banco antecipa que, na sequência das medidas, os critérios a aplicar nos empréstimos concedidos a particulares se tornem ligeiramente mais restritivos, enquanto outro banco prevê critérios consideravelmente mais restritivos na concessão de crédito a esse setor. Os restantes bancos não antecipam alterações.

Relativamente ao impacto sobre os spreads praticados nos empréstimos concedidos a empresas e a particulares, no segundo semestre de 2017, as instituições, de um modo geral, não indicaram alterações significativas. Não obstante, uma instituição assinalou que os novos requisitos terão contribuído para um ligeiro agravamento dos spreads nos empréstimos para aquisição de habitação, enquanto outra instituição reportou uma ligeira redução dos spreads nos empréstimos para consumo e outros fins.

Para o primeiro semestre de 2018, não se antecipam, neste contexto, alterações significativas nos spreads a aplicar no crédito a empresas e a particulares. Apenas uma instituição antevê uma ligeira redução dos spreads a aplicar aos empréstimos para aquisição de habitação.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.