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Tomás Correia continua a defender que devia ser criado um grande banco da economia social

“As instituições da economia social deviam organizar-se para desenvolver uma grande instituição financeira nacional”, defendeu o presidente da Associação Mutualista Montepio Geral.
14 Setembro 2018, 18h02

Durante o almoço-debate organizado pelo International Club of Portugal, em Lisboa, o presidente da Associação Mutualista, que era o orador principal, apresentou como fragilidade do país o facto de, desde 2010, a percentagem de bancos com capital de origem nacional ter caído de 86% para 36% em 2017.

“A posição portuguesa no conjunto do sistema bancário reduziu-se 50 pontos percentuais”.

Neste cenário “salvam-se” os dois bancos do setor social e cooperativo, Caixa Económica Montepio Geral e Caixa de Crédito Agrícola Mútuo. Por isso, Tomás Correia voltou a defender que a banca de retalho (por contraposição à banca de investimento onde os acionistas estrangeiros são uma mais-valia) deve ser dominada por capital nacional. Daqui até à ideia que os dois bancos da economia social se deviam juntar para criar um grande banco de retalho em Portugal foi um passo. “As instituições da economia social deviam organizar-se para desenvolver uma grande instituição financeira nacional”, defendeu. Questionado sobre se estava a retomar a ideia, já recusada por  Licínio Pina, presidente do grupo Crédito Agrícola, de criar uma holding da economia social que tivesse a CEMG e a CCCAM, disse que “há vários caminhos para levar a cabo um determinado projecto”.

“O conjunto das instituições da economia social que operam no setor financeiro têm todas as condições para vir a ser um grande banco de retalho em Portugal”, defendeu o presidente da dona do Montepio que acredita que isso acontecerá mais cedo ou mais tarde.

Tomás Correia apresentou um gráfico de barras em que mostra que em 2010 a CGD, o BCP, o BES e o BPI eram detidos por acionistas portugueses, e destes apenas a CGD, que é do Estado se mantém com origem de capital nacional. Tomás Correia considera preocupante para a economia portuguesa essa realidade e cita exemplos estrangeiros em que isso não acontece.

O presidente da Associação Mutualista defendeu ainda “a resiliência notável das instituições financeiras da economia social”, por terem passado pela crise financeira e de dívida soberana sem precisar de serem intervencionadas ou ajudadas pelo Estado.

Tomás Correia defendeu o mesmo para o setor segurador, salientando que em 2010 a Fidelidade, a Tranquilidade, a Açoreana e a Ocidental eram portuguesas e em 2017 a Fidelidade é da chinesa Fosun, a Tranquilidade e a Açoreana são dos norte-americanos da Apollo, a Ocidental é da belga Ageas.

No entanto, o Grupo Montepio tentou vender 60% da Montepio Seguros que inclui a Lusitânia e a N Seguros, aos chineses da CEFC. Este tema não foi abordado pelo presidente da Associação.

A compra de 60% da “holding” seguradora pelos chineses da CEFC, que no início de dezembro de 2017 já tinha entrado no regulador, não passou no crivo da Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF).

Tomás Correia defendeu ainda que a carga fiscal em Portugal é elevada e que “tem de ser repensada”, porque a carga fiscal que prejudica o desenvolvimento empresarial e a criação de emprego prejudica o desenvolvimento do país.

No caso do imposto sobre a especulação imobiliária que tem sido alvo de debate público depois do Bloco ter inventado a “Taxa Robles”, Tomás Correia alertou que “não se deve pagar impostos sobre o que já se paga”.

 

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