[weglot_switcher]

5G: afinal, quando será lançada esta nova geração de rede móvel?

Já há algum tempo que se ouve falar da rede 5G, mas parece que a implementação definitiva desta nova geração de rede móvel tem demorado a avançar. Saiba porquê e para quando está previsto o lançamento.
18 Dezembro 2019, 07h25

Já há algum tempo que se ouve falar do lançamento da rede 5G. Recorda-se do apagão das redes de telemóveis que ocorreu no dia 25 de outubro? Dúvidas persistem sobre se se tratou de um ciberataque e também acerca das suas causas, o que não pode deixar de gerar algumas questões acerca da segurança informática quando for implementado o 5G. Descubra o ponto de situação e quão preocupado deve (ou não) estar.

2020 foi a data que a União Europeia (UE) estipulou como sendo o prazo para que a rede 5G esteja disponível comercialmente em pelo menos uma cidade por país de 23 Estados-membros: Alemanha, Áustria, Bélgica, Bulgária, Croácia, Dinamarca, Espanha, Estónia, Finlândia, França, Grécia, Holanda, Hungria, Irlanda, Itália, Letónia, Lituânia, Malta, Polónia, Portugal, Roménia, Suécia e Reino Unido.

Mas será que está para breve uma cobertura total?

O que é a rede 5G?

Desde a criação da rede móvel de primeira geração (1G) em 1980, apenas destinada a chamadas de voz, que esta foi evoluindo até à forma que atualmente se conhece: 4G. Quando esta última foi lançada, foi precisamente para a banda larga móvel com uma velocidade de 100 Mbps a 1 Gbps por segundo.

Com a entrada do 5G em cena, as perspetivas de velocidade aumentam para cerca de 10 Gbps por segundo, o que vai fazer com que praticamente haja dados ilimitados em qualquer lado.

Quais as vantagens do 5G?

#1 – Velocidade de dados

Um dos maiores benefícios da rede 5G reside na rapidez com que se passará a ter acesso a dados móveis: será possível atingir velocidades 100 vezes mais céleres do que se tem atualmente.

O que é que isto significa na prática? Certos conteúdos que demoram mais tempo a descarregar – tais como vídeos, por exemplo – terão um tempo de download muito mais rápido, o que melhorará a experiência de todos os utilizadores e permitir-lhes-á poupar tempo e, consequentemente, consumir mais.

#2 – Rapidez nas comunicações

As comunicações vão passar a ser feitas mesmo em tempo real, porque o período de resposta (latência) de um dado aparelho comandado à distância para executar uma operação será substancialmente mais rápido.

Uma prova disto foi a realização de uma cirurgia a um animal à distância, pela primeira vez, em janeiro deste ano, na China, através da rede 5G.

Portanto, as vantagens do 5G não se prendem apenas com a velocidade de downloads e de uploads, mas igualmente com a rapidez de resposta (que será praticamente imediata) em videojogos, videochamadas e visualização de conteúdos em streaming, por exemplo.

#3 – Ligação entre equipamentos

Uma vez que o 5G permite transferir elevadas quantidades de informação em simultâneo, possibilitará ter milhares de equipamentos ligados ao mesmo tempo.

Porque é que ainda não temos a rede 5G em Portugal?

Muitos desafios se impuseram às empresas de telecomunicações para lançar esta rede, desde logo, no que diz respeito à necessidade de se uniformizarem os requisitos do 5G em todo o Mundo – isto significa que se espera que a rede funcione da mesma forma tanto em zonas mais rurais como urbanas, ao contrário do que acontece atualmente.

Migração da TDT

Para que o 5G seja uma realidade, é preciso que todos os países libertem a faixa de frequências dos 700 MHz (megahertz) das suas atuais utilizações de Televisão Digital Terrestre (TDT), conforme estabelecido pela Decisão (UE) 2017/899 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 17 de maio de 2017, relativa à utilização da faixa de frequências de 470-790 MHz na União: “Na faixa de frequências de 470-790 MHz, o espetro constitui um ativo valioso para a utilização económica de redes sem fios com cobertura universal no interior e no exterior. Esse espetro está atualmente a ser utilizado em toda a União para a Televisão Digital Terrestre (TDT) (…). Por conseguinte, o espetro constitui uma condição prévia para o acesso aos conteúdos culturais, às informações e às ideias, e para a sua difusão”.

Em Portugal existem evidências de que estão a ser empreendidos esforços neste sentido: o processo de migração da faixa 700 MHz da TDT, que é essencial para se arrancar com a rede 5G, já se iniciou.

Para esclarecer dúvidas sobre esta migração e ainda para ajudar os consumidores que não consigam voltar a sintonizar a sua televisão, a ANACOM até criou uma linha de apoio telefónica, com o número 800 102 002, que se encontra disponível diariamente entre as 9h00 e as 22h00.

Esta entidade dará ainda apoio técnico gratuito, no terreno, às populações que não consigam sintonizar os seus equipamentos. Conforme explicita a ANACOM no seu comunicado de 15 de novembro de 2019, “não será preciso substituir ou reorientar as antenas, trocar a televisão ou o descodificador; e ninguém terá que subscrever serviços de televisão paga”.

A rede TDT transmite os canais RTP1, RTP2, RTP3, RTP Memória, SIC, TVI e Parlamento. A migração desta rede consiste em alterar as frequências dos emissores que utilizam a faixa 694-790 MHz (chamada “faixa dos 700 MHz”) para novas frequências de emissão, dado que esta última tem de ser disponibilizada para a rede 5G.

Atribuição de espetro pelo Governo e pela ANACOM às operadoras de telecomunicações

Será ainda realizado um leilão, em abril de 2020, com vista a atribuir frequências a todas as operadoras interessadas e para que estas possam adquirir a quantidade de espetro de que precisam.

A ANACOM vai ainda garantir que existem limites à atribuição do espetro para que se salvaguarde a concorrência no mercado (o que até pode fazer com que surjam novas operadoras).

O regulador terá de comunicar o resultado da consulta pública para o leilão do 5G em janeiro de 2020 e em abril terá de validar o procedimento de atribuição do espetro e dar início, então, ao leilão.

Prevê-se que o processo de atribuição das frequências do 5G em Portugal esteja concluído entre junho e agosto de 2020.

Quão preocupados deveremos estar com questões de segurança associadas ao 5G?

Quando se fala desta evolução da rede parece que apenas surgem vantagens. O outro lado da moeda aparece relacionado, porém, com questões de cibersegurança, as quais levaram a Comissão Europeia a emitir uma recomendação, a 26 de março deste ano, para todos os Estados-membros.

Neste documento, a Comissão solicita a todos os países que analisem os riscos nacionais que podem advir da rede 5G. Cada vez mais será necessário ser exigente com a segurança informática.

Haverá mais dispositivos ligados em rede e incentivos a usar, cada vez mais, a cloud – consequentemente, mais vulneráveis ficaremos a ameaças de segurança.

A rede de quinta geração está mesmo a chegar e terá um grande impacto não apenas no setor digital, mas na economia em geral.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.