Já há algum tempo que se ouve falar do lançamento da rede 5G. Recorda-se do apagão das redes de telemóveis que ocorreu no dia 25 de outubro? Dúvidas persistem sobre se se tratou de um ciberataque e também acerca das suas causas, o que não pode deixar de gerar algumas questões acerca da segurança informática quando for implementado o 5G. Descubra o ponto de situação e quão preocupado deve (ou não) estar.
2020 foi a data que a União Europeia (UE) estipulou como sendo o prazo para que a rede 5G esteja disponível comercialmente em pelo menos uma cidade por país de 23 Estados-membros: Alemanha, Áustria, Bélgica, Bulgária, Croácia, Dinamarca, Espanha, Estónia, Finlândia, França, Grécia, Holanda, Hungria, Irlanda, Itália, Letónia, Lituânia, Malta, Polónia, Portugal, Roménia, Suécia e Reino Unido.
Mas será que está para breve uma cobertura total?
Desde a criação da rede móvel de primeira geração (1G) em 1980, apenas destinada a chamadas de voz, que esta foi evoluindo até à forma que atualmente se conhece: 4G. Quando esta última foi lançada, foi precisamente para a banda larga móvel com uma velocidade de 100 Mbps a 1 Gbps por segundo.
Com a entrada do 5G em cena, as perspetivas de velocidade aumentam para cerca de 10 Gbps por segundo, o que vai fazer com que praticamente haja dados ilimitados em qualquer lado.
Um dos maiores benefícios da rede 5G reside na rapidez com que se passará a ter acesso a dados móveis: será possível atingir velocidades 100 vezes mais céleres do que se tem atualmente.
O que é que isto significa na prática? Certos conteúdos que demoram mais tempo a descarregar – tais como vídeos, por exemplo – terão um tempo de download muito mais rápido, o que melhorará a experiência de todos os utilizadores e permitir-lhes-á poupar tempo e, consequentemente, consumir mais.
As comunicações vão passar a ser feitas mesmo em tempo real, porque o período de resposta (latência) de um dado aparelho comandado à distância para executar uma operação será substancialmente mais rápido.
Uma prova disto foi a realização de uma cirurgia a um animal à distância, pela primeira vez, em janeiro deste ano, na China, através da rede 5G.
Portanto, as vantagens do 5G não se prendem apenas com a velocidade de downloads e de uploads, mas igualmente com a rapidez de resposta (que será praticamente imediata) em videojogos, videochamadas e visualização de conteúdos em streaming, por exemplo.
Uma vez que o 5G permite transferir elevadas quantidades de informação em simultâneo, possibilitará ter milhares de equipamentos ligados ao mesmo tempo.
Muitos desafios se impuseram às empresas de telecomunicações para lançar esta rede, desde logo, no que diz respeito à necessidade de se uniformizarem os requisitos do 5G em todo o Mundo – isto significa que se espera que a rede funcione da mesma forma tanto em zonas mais rurais como urbanas, ao contrário do que acontece atualmente.
Para que o 5G seja uma realidade, é preciso que todos os países libertem a faixa de frequências dos 700 MHz (megahertz) das suas atuais utilizações de Televisão Digital Terrestre (TDT), conforme estabelecido pela Decisão (UE) 2017/899 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 17 de maio de 2017, relativa à utilização da faixa de frequências de 470-790 MHz na União: “Na faixa de frequências de 470-790 MHz, o espetro constitui um ativo valioso para a utilização económica de redes sem fios com cobertura universal no interior e no exterior. Esse espetro está atualmente a ser utilizado em toda a União para a Televisão Digital Terrestre (TDT) (…). Por conseguinte, o espetro constitui uma condição prévia para o acesso aos conteúdos culturais, às informações e às ideias, e para a sua difusão”.
Em Portugal existem evidências de que estão a ser empreendidos esforços neste sentido: o processo de migração da faixa 700 MHz da TDT, que é essencial para se arrancar com a rede 5G, já se iniciou.
Para esclarecer dúvidas sobre esta migração e ainda para ajudar os consumidores que não consigam voltar a sintonizar a sua televisão, a ANACOM até criou uma linha de apoio telefónica, com o número 800 102 002, que se encontra disponível diariamente entre as 9h00 e as 22h00.
Esta entidade dará ainda apoio técnico gratuito, no terreno, às populações que não consigam sintonizar os seus equipamentos. Conforme explicita a ANACOM no seu comunicado de 15 de novembro de 2019, “não será preciso substituir ou reorientar as antenas, trocar a televisão ou o descodificador; e ninguém terá que subscrever serviços de televisão paga”.
A rede TDT transmite os canais RTP1, RTP2, RTP3, RTP Memória, SIC, TVI e Parlamento. A migração desta rede consiste em alterar as frequências dos emissores que utilizam a faixa 694-790 MHz (chamada “faixa dos 700 MHz”) para novas frequências de emissão, dado que esta última tem de ser disponibilizada para a rede 5G.
Será ainda realizado um leilão, em abril de 2020, com vista a atribuir frequências a todas as operadoras interessadas e para que estas possam adquirir a quantidade de espetro de que precisam.
A ANACOM vai ainda garantir que existem limites à atribuição do espetro para que se salvaguarde a concorrência no mercado (o que até pode fazer com que surjam novas operadoras).
O regulador terá de comunicar o resultado da consulta pública para o leilão do 5G em janeiro de 2020 e em abril terá de validar o procedimento de atribuição do espetro e dar início, então, ao leilão.
Prevê-se que o processo de atribuição das frequências do 5G em Portugal esteja concluído entre junho e agosto de 2020.
Quando se fala desta evolução da rede parece que apenas surgem vantagens. O outro lado da moeda aparece relacionado, porém, com questões de cibersegurança, as quais levaram a Comissão Europeia a emitir uma recomendação, a 26 de março deste ano, para todos os Estados-membros.
Neste documento, a Comissão solicita a todos os países que analisem os riscos nacionais que podem advir da rede 5G. Cada vez mais será necessário ser exigente com a segurança informática.
Haverá mais dispositivos ligados em rede e incentivos a usar, cada vez mais, a cloud – consequentemente, mais vulneráveis ficaremos a ameaças de segurança.
A rede de quinta geração está mesmo a chegar e terá um grande impacto não apenas no setor digital, mas na economia em geral.
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