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Livro: “Viagens sem bola”

A sugestão de leitura desta semana da livraria Palavra de Viajante traz um relato onde há mais do que penáltis e golos na própria baliza, dribbles e hat-tricks, foras de jogo e apanha-bolas.
22 Agosto 2020, 10h05

 

“Um dos jogos mais intelectuais de sempre é o de 16 de março de 1975, às nove e meia da manhã. Entram uns vinte e tal gadelhudos na Cittadella, campo de treinos nas imediações do Estádio Ennio Tardini (Parma). O Parma joga nesse dia em Pescara e há quem aproveite a deixa para organizar um jogo para a história. De um lado, um onze de electricistas, guionistas e atores vestidos à Bolonha, capitaneados por Pier Paolo Pasolini. Do outro, 11 juniores do Parma com T-shirts psicadélicas, liderados por Bernardo Bertolucci. É o dérbi dos cineastas.”

Na semana em que se joga a fase final da Liga dos Campeões, em Lisboa, trazemos uma sugestão com afinidades futebolísticas: “Viagens sem bola”, inserido na coleção Terra Incognita, dedicada a relatos de viagem, da Quetzal Editores.

Antes do confinamento, milhares de pessoas faziam curtas deslocações ao estrangeiro, muitas vezes em viagens organizadas e em voos charter, para acompanhar as suas equipas de eleição, aproveitando a meia dúzia de horas livres para dar uma volta pela cidade da equipa da casa, como se diz nestas lides desportivas.

Rui Miguel Tovar fá-lo por razões profissionais, sendo um dos jornalistas portugueses que mais jogos internacionais de futebol viu fora do país. Neste livro, fala de jogos em Abu Dhabi, capital dos Emirados Árabes Unidos (onde se jogava a Taça da Ásia), em Buenos Aires (onde meia centena de argentinos nas suas habituais manifestações fazem tanto barulho como os adeptos do Boca Juniors que enchem La Bombonera), Itália (na Sicília, na mítica aldeia de Corleone, onde o autor se recorda de uma das magníficas rábulas de Raul Solnado à volta da guerra), Espanha, China, Tailândia, Maldivas, Vietname ou Brasil.

Muitas vezes não são jogos de primeira ordem, mas de escalões secundários (como no caso de Pádua, numa viagem para fazer tempo antes do Milan-Inter) e até de campeonatos amadores – o que o faz recordar o seu pai, que o levava todos os domingos a ver jogos pela província. A particularidade destas viagens é que não têm o futebol como centro, mas o que há à volta dos jogos: as cidades, a comida, as pessoas, a história de uma região ou o modo como se chega a certa aldeia.

Ou seja, este é um relato onde há mais do que penáltis e golos na própria baliza, dribbles e hat-tricks, foras de jogo e apanha-bolas. Para a família do futebol, mas também para amigos e conhecidos. E ainda para os membros das equipas de arbitragem.

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