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Israel: economia dá sinais de forte contração

A guerra é muito cara e o Estado hebraico começa a entrar em sérias dificuldades internas, com alguns indicadores (exportações, consumo e investimento) a afundarem rapidamente. Entretanto, o mundo espera uma reação ao ataque do Irão.
  • Ronen Zvulun /Reuters
17 Abril 2024, 07h30

A guerra de Israel em Gaza teve um impacto maior no crescimento da economia, nos últimos três meses do ano passado, do que o que era antecipado pelos analistas, de acordo com dados divulgados esta terça-feira pela agência Reuters. A economia contraiu 21% em termos anualizados, no quarto trimestre de 2023, em relação ao terceiro trimestre, informou o Gabinete Central de Estatísticas.

Os números do quarto trimestre decorrem das quedas mais acentuadas das exportações, do consumo e dos investimentos em ativos fixos, enquanto os gastos públicos dispararam. Segundo os mesmos dados, as exportações caíram 22,5%, o consumo 26,9% e o investimento em ativos fixos 67,9%. As importações também caíram 42,4%, mas os gastos do governo dispararam 83,7%. A taxa de inflação anual subiu mais que o esperado: 2,7% em março e 2,5% em fevereiro.

Entretanto, na frente da guerra, Israel avançou que conseguiu neutralizar – juntamente com os países que o auxiliaram na noite de sábado – 99,9% dos projeteis lançados pelo Irão sobre o seu território. Mesmo assim, as forças que se encontram em linha com o governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu continuam a reclamar uma vingança exemplar. As forças de defesa (IDF) são as primeiras – tal como sucedeu em 7 de outubro passado, a seguir ao ataque do Hamas no sul de Israel – a reclamar uma ação rápida e inquestionável. Mas também Yuli Edelstein, presidente do Comité de Relações Exteriores e Defesa do Knesset (Parlamento), diz que a resposta de Israel ao ataque iraniano deverá enviar uma mensagem de dissuasão a Teerão.

Edelstein diz, citado pela imprensa israelita, que as considerações sobre a resposta incluem as cautelas propostas pelas potências ocidentais, o risco para o exército e a necessidade de manter o foco na guerra contra o Hamas em Gaza. “Vamos ter de reagir. Os iranianos saberão que reagimos. E espero sinceramente que isso lhes ensine a lição de que não se pode atacar um país soberano só porque se acha possível”, disse Edelstein à Reuters. “Espero sinceramente que entendam que não é do seu interesse continuar este tipo de troca de golpes. Não estamos interessados numa guerra em grande escala. Não estamos, como já disse, interessados em vingança.”

Do seu lado, os Estados Unidos afirmam acreditar que Israel não atacará diretamente o Irão. A resposta de Israel ao ataque do Irão será provavelmente limitada e pode concentrar-se em atingir alvos importantes fora do Irão – numa tentativa de evitar um conflito mais amplo, adiantam os jornais norte-americanos.

A avaliação dos Estados Unidos é baseada em conversas com autoridades israelitas antes do ataque, o que faz com que a abordagem de Israel pode ter mudado. Mesmo assim, o facto de o ataque de Teerão não ter causado danos graves – aparentemente foi isso que o regime xiita escolheu fazer – pode levar Telavive a tentar encontrar uma resposta menos agressiva.

Em vez um ataque direto ao Irão – que os aliados de Israel consideram ter como resultado uma guerra aberta entre os dois países –, elementos militares norte-americanos disseram, ao canal de televisão NBC, que Israel pode atacar aliados do Irão fora do país, como as milícias na Síria ou o Hezbollah no Líbano.

As mesmas fontes acreditam que Israel manterá os Estados Unidos a par e em tempo real de todos os desenvolvimentos, esperando que a Casa Branca seja ouvida antes de uma decisão final.

Segundo uma rádio israelita, Israel tranquilizou os países árabes da região ao dizer que a sua resposta ao ataque do Irão não os colocará em perigo. Egipto, Jordânia e os países do Golfo Pérsico estão dentro desta espécie de perímetro de segurança.

Do outro lado da linha divisória, o presidente do governo, Ebrahim Raisi, disse que o Irão responderá a qualquer ação contra os seus interesses, de acordo com uma agência iraniana de notícias. “Declaramos categoricamente que a menor ação contra os interesses iranianos certamente será recebida com uma resposta severa, generalizada e dolorosa contra qualquer perpetrador”, disse Raisi ao emir do Qatar, o xeque Tamim bin Hamad al-Thani. Raisi reiterou que o ataque da madrugada de sábado foi “autodefesa”, dizendo que a operação teve como alvo bases israelitas usadas para realizar o ataque de 1 de abril em Damasco.

O vice-ministro das Relações Exteriores do Irão, Ali Bagheri Kani, disse à TV estatal que a contraofensiva de Teerão, após qualquer retaliação israelita, seria “uma questão de segundos, já que o Irão não esperará mais 12 dias para responder” – como aconteceu em relação ao caso de Damasco.

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